terça-feira, fevereiro 21, 2006

A caminho dos amanhãs que cantam....

Notícia da SIC Online...

E aki vamos nós a caminho da sociedade fraterna ao som da Internacional... uma sociedade mais justa e democrática! Como é que isto é possível? Poderiam meter umas placas, como existem em qualquer boa casa de alterne: reservado o direito de admissão!

Ou então, ao som da Internacional, poderiamos voltar todos a dispensar o vil metal e incrementarmos as trocas em espécie, refundando o comunismo primitivo, base de algumas sociedades altamente civilizadas no início do Neolítico!

Transcrição:

Desempregados não podem abrir contas bancárias

Algumas instituições bancárias nacionais estão a recusar abrir simples contas a quem está desempregado. A notícia é avançada pelo Diário de Notícias (DN) que dá conta de várias reclamações e pedidos de esclarecimento que têm chegado ao Banco de Portugal.
O DN escreve que ao Banco de Portugal "têm chegado reclamações e pedidos de esclarecimento relacionados com recusas de aberturas de contas de depósitos por algumas instituições de crédito". De acordo com o banco central, o facto de alguém não desempenhar uma actividade profissional, nomeadamente donas de casa e desempregados sem direito ao respectivo subsídio, "não deve constituir motivo de recusa de abertura de contas de depósito, bastando que os próprios declarem aquelas situações". O DN tentou saber quais as situações que estão a recusar clientes nesta situação, mas nenhum dos bancos contactados (Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, BES, Totta e BPI) referiu quaisquer reclamações nesse sentido. O jornal escreve que nem o próprio Banco de Portugal quis adiantar mais pormenores quanto às situações em causa. Defesa do consumidor contesta medidaPara as associações de defesa dos consumidores esta atitude de exclusão não é admissível e seria resolvida se os serviços mínimos bancários fossem aplicados. Mário Frota, da APDC, disse ao DN que esta atitude constitui "um acto de exclusão bancária", uma situação que muitos países europeus já resolveram com a obrigatoriedade dos serviços mínimos bancários.Também Ana Tapadinhas, da Deco, considera que o Governo deveria retomar este tema e torná-lo "obrigatório" para todo o sistema bancário.

in SIC Online

sábado, dezembro 24, 2005

Desejo de Boas Festas

Caros amigos,

Serve a mesma apenas para desejar um quadra de festividades com tudo aquilo que devemos também desejar para o resto de todo o ano... Mas nesta época dá para exteriorizarmos melhor: portanto, façam o favor de serem felizes!

Um grande abraço e beijos conforme se aplique!
Hélder Conceição

quinta-feira, novembro 10, 2005

Construir um país - Eduardo Prado Coelho in Público

Construir um país
Precisa-se de matéria prima para construir um País Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

terça-feira, outubro 11, 2005

A vida passa através do reflexo da janela do carro

No trânsito impossível do súburbio prá metrópole - ida da margem sul pra lisboa - via ponte 25 de Abril... tento sempre ocupar meus pensamentos com alguma reflexão! Muito me ajuda ouvir os Sinais, rúbrica de Carlos Magno na TSF. O homem e suas prosas clicam sempre em alguns botões que para mim são catalizadores de inspiração...
Mas mais que os Sinais e a reflexão introspectiva... aquela que motiva o título do post (pensar na vida, nos pequenos dramas, blá, blá, blá)... hoje o que me despertou a atenção foi aquilo que vi pra além do reflexo do vidro da minha janela: uma carrinha de mudanças que, apresentava a sua propaganda e em letras mais pequenas citava a seguinte frase: "Feliz o homem que acredita em Deus." Eu, vendo outra vez para além do reflexo do vidro da minha janela, pensei que seria melhor alternativa apresentar: "Feliz o homem que acredita nos Homens, na Humanidade. "
E por momentos senti-me feliz, pelo menos até ao momento em que um caramelo qualquer arrisca a sua vida e a de mais 4 ou 5 pessoas, apenas para mudar de faixa de rodagem...
Bem mas se é uma questão de fé, eu continuo a acreditar, nem que seja para ver se consigo realizar o estado de felicidade... Será optimismo demasiado e até um pouco bacoco? Alicerçado no mito do Homem Bom? Não sei, preciso de acreditar...

quinta-feira, setembro 29, 2005

Citação para reflectir #001

"O Estado-Providência transformou o cidadão vulgar num quase absoluto irresponsável e os dirigentes da democracia fazem carreira a mentir-lhe".

Valente, Vasco Pulido

terça-feira, setembro 06, 2005

Deixou-me a pensar: Os gajos do IPB lixaram esta merda toda!

Post do Diabo, que apesar do seu humor desassombrado, às vezes a roçar a ofensa, pôs em cima da mesa um tema muito importante para todos os alunos e ex-alunos do IPB! Em termos das causas eu não as sei enumerar, mas tenho a sensação que o diagnóstico está bem feito... O que é que vocês acham?

Transcrição integral da prosa:

"A culpa é das várias presidências e outras acefalidades do Instituto Politécnico de Beja. Beja há dez anos atrás tinha uma população universitária considerável, havia dinâmica cultural, a economia local cresceu à sombra das mesadas dos estudantes, e a cidade tinha pela frente parte do seu futuro. Mas não, os gajos que lideraram o IPB, e a inércia e desinteresse da CMB, preferiram pôr os amiguinhos a dar aulas sem o saberem, mais as namoradas e as mulheres recentemente desposadas. Tudo numa gloriosa orgia de autofagia delirante, onde floresceram os cursos de línguas via-ensino e outros tantos via-ensino, quando o mercado já vomitava de saturação pós-graduados nessas áreas! Nem um dia aqueles homicidas das esperanças de desenvolvimento da cidade de Beja pararam para pensar lá do alto da sua pateticamente feliz condição de gajos que mandam, e se interrogaram: não era altura de nós fazermos contas à vida e trabalharmos com inteligência na concepção e defesa de cursos inovadores que possam fixar profissionais de educação e técnicos especializados e atrair mais estudantes, não pelo facto de os admitirmos com as médias mais escandalosas, mas porque eles escolheriam preferencialmente uma cidade boa para se viver e para se tirar um curso inovador e profissionalmente promissor? Nem um dia aqueles tristes resolveram protocolar seriamente com a autarquia de forma a garantir parcialmente a viabilidade e a sustentabilidade de ofertas de licenciatura e pós-graduação de “risco”, e que, como tal, exigiriam esforços concertados em matéria de estágios, integração em empresas, facilidades ao investimento empresarial alternativo, etc.Nem um dia aqueles retardados se lembraram que a sua bonacheirona gestão conduziria ao que temos hoje: um IPB moribundo e definhado, turmas de 3 e 4 alunos, professores a chumbar alunos para garantirem o empregozito, e uma cidade mais uma vez dramaticamente à espera de um milagre…"
In Diabo do Alentejo

terça-feira, agosto 23, 2005

Comentário às autárquicas!

Bem vindo novamente Cabanas e bem hajas por introduzires sempre temas tão interessantes...

Sinto natural dificuldade em comentar pessoas... aliás, há uma citação que diz mais ou menos isto: os fracos de espírito comentam pessoas, os "medianos" comentam eventos e os outros (os inteligentes, ou "clarividentes" - identifico-me mais com o termo: "aquele que vê as coisas com clareza") comentam ideias e abstracções.

Mas ao mesmo tempo não posso deixar passar em branco o teu anúncio oportuníssimo sobre o facto do nosso comum amigo Nuno Pancada ser o n.º 3 da lista do PS à Câmara de Ferreira.

E, agora, vou utilizar a pessoa, neste caso o Nuno Pancada, para falar das minhas ideias... e assim sou capaz de me conseguir livrar do epíteto de gajo que fala das pessoas e não de ideias!

Primeiro, endereço os parabéns daqui ao Nuno. Bem hajas tu também por ainda te predispores para ir ao ringue... Nas condições actuais da reputação da política e dos políticos, não é e não vai ser fácil! Dá-lhe com força, amigo!

Depois defendo já uma primeira ideia que reforço para que não existam dúvidas: sou um acérrimo defensor de que a consistência não se perde na mudança! Aliás, à medida das nossas experiências de homens viventes, pensantes e actuantes, o estranho era não mudarmos! A coerência acha-se muitas vezes na mudança!

(e neste caso, como acho que é para melhor, mais satisfeito fico! insidioso e parcial...)

O problema da inconsistência acha-se muitas das vezes é na razão de mudarmos: mera táctica, apenas consideração sobre interesses próprios ou clientelares - na "arte" da política a sério, estas manobras deveriam e podiam ser fortemente contestadas e penalizadas pelos eleitores -, etc., ou se a mudança, pelo contrário, resulta de uma reflexão profunda e da consideração de um conjunto de interesses ajustados àquilo que se pensa que é o bem comum da comunidade ou grupo, de alterações de orientações, de fios de prumo que se deixam de ajustar aos valores e ideias que defendemos!

A mudança do Nuno, a mim parece-me perfeitamente natural e de acordo com duas situações que a determinaram. Estes são os factores externos e objectivos (dos subjectivos só o Nuno nos pode elucidar, apesar de eu deixar algumas pistas que são apenas a minha leitura):
  • A deslocação do eixo do centro para a direita, com o consequente extremar de posições dos partidos tradicionalmente à direita (PSD e CDS/PP). A "economificação" e "financialização" da política meteram a social democracia na gaveta e a nova religião, que já se adivinhava é o "liberalismo competitivo". Esta é uma tendência global, já há muito identificada;

  • O acompanhamento do PS no movimento, que aproveitou para ocupar o espaço vazio deixado pelo afastamento do PSD. A eleição interna de Sócrates e a vitória nas legislativas foi já um claro sinal de moderação do "socialismo", abraçando valores "sociais-democráticos" típicos do centro e centro-direita. O PS instalou-se confortavelmente no CENTRÃO!

Portanto, através da mudança, se mantém a coerência... e o Nuno, na minha leitura, fez a transição através de um processo de reflexão aprofundada, que não vem de hoje, ajustando os seus valores e ideias às correntes alternativas dentro do panorama político actual... e fê-lo em consciência! Por aquilo que conheço do Nuno não me parece ver aqui nada de movimento táctico. As circunstâncias mudaram, a proveniência de classe do Nuno também sentiu na pele (como todos nós vamos sentido e quem reside nas regiões periféricas sente ainda mais) a pouca consideração que uma lógica fragmentária baseada apenas na competição e na economia de mercado - questão amenizada no discurso do PS (muitas vezes somente no discurso) - faz à vida dos cidadãos livres da Europa e zás, decide mudar... E pelas (infelizmente) poucas conversas que tenho tido com ele... o movimento de transição já se vinha antevendo desde há algum tempo! E é lógico e natural que tenha também contemplado as suas motivações e ambições pessoais, de pertença à comunidade e de espírito de prestar serviço...

Outra questão relevante, em meu entender, também se coloca na falta ou nenhuma geração de valor acrescentado para a discussão política, nas questiúnculas que entretém muitas vezes as estruturas locais e regionais dos partidos! Perante fenómenos de transições destes, que são perfeitamente plausíveis no contexto político actual, faz algum sentido uma tão forte demarcação de posições em partidos que partilham muitas vezes o mesmo espaço político? Será que uma dinâmica cooperativa, apesar da manutenção de contornos competitivos, não seria muito mais útil para a defesa dos interesses regionais e locais? Evitariam-se com certeza muitos fenómenos de "clubite" que se continuam a ver em partidos políticos pertencentes a uma democracia supostamente "madura"!

Porque as questões se mantém na política, assim como em toda a nossa vida, deixo as seguintes interrogações: é o mundo que muda, somos nós que mudamos, nós mudamos o mundo, ou é mundo que nos muda?